Análise de mercado
As empresas têm sido muito castigadas desde o início da pandemia do Covid-19, tendo a maioria enviado os seus profissionais para trabalhar de casa sem o necessário tempo para o planeamento desta forma de trabalho.
Nunca antes havíamos visto uma necessidade tão repentina de alteração na forma de liderança e gestão corporativa. Embora as medidas de quarentena já estejam a surtir efeito em Portugal, é de se esperar que outra em breve seja necessária, podendo no total o período estender-se até 18 meses.
“O jornal Expresso cita um estudo do Imperial College London que concluiu que, após a implementação de medidas de contenção, as cadeias de transmissão podem diminuir, mas que isso não acabará com a propagação do vírus, que voltará em força assim que houver um “relaxamento” das medidas.” (fonte SIC Noticias)
O número e a diversidade de eventos epidêmicos vêm aumentando nos últimos 30 anos, uma tendência que o World Economic Forum percebe que se vai intensificar ainda mais nos próximos anos.
A própria visão de negócio mostra agora como pode ser ampliada para prestação de serviços à distância e venda de produtos online.
Já é possível observar também que a mudança de comportamento pós-crise continuará a afetar os negócios. Em indústrias como da saúde e bem-estar, como ginásios, prevê-se uma tendência a manter aulas online, com instrutores particulares e os CEOs já pensam em tornar esta uma modalidade dentro do portfólio de serviços oferecidos.
Esta mudança ou abertura para as modalidades digitais de trabalho exigirá várias adaptações corporativas. Desde a necessidade de novas metodologias de trabalho, até a gestão de pessoas, que passa a ser mais ágil, podendo ser remota e com profissionais de alta capacidade de aprendizado e adaptabilidade ao uso de novas tecnologias.
A pandemia de Covid-19 forçou-nos a ver como não estávamos preparados para as modalidades do Futuro do Trabalho, nem na parte de infraestrutura tecnológica, nem da parte de capacitação de profissionais.
Alguns executivos querem manter alta produtividade, mas a falta de previsão da data de retorno tem sido um obstáculo ao bom andamento do trabalho. Reuniões são agendadas e canceladas pelo prolongamento do período de quarentena, o que não seria necessário caso o trabalho remoto fosse uma real possibilidade e não um período de stand-by.
Enquanto algumas empresas estão a entender o período como algo temporário e a lidar com a situação em compasso de espera até que a vida volte à normalidade, há as que já se preparavam para o Futuro do Trabalho implementando práticas de home office, up-skilling e re-skilling e, portanto, estão a conseguir sobreviver melhor a esta terrível fase.
Gerir equipes 100% remotas é um grande desafio que traz à tona a necessidade de autonomia, maturidade da equipa e de grande habilidade de lideranças de gerentes e CEOs. Se antes essas habilidades já eram citadas como as soft skills necessárias à Revolução Industrial 4.0, agora elas são imperativas à manutenção e sobrevivência das empresas em tempos de crise.
O Mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) vai exigir alto nível de adaptabilidade e inovação de colaboradores para lidarem com mudanças bruscas de cenário e encontrarem soluções específicas para cada caso.
Mudanças climáticas, a entrada da Inteligência Artificial e da Geração Z no mercado de trabalho foram apontados no relatório do WEF de 2018 como tendências que podem impactar negativamente o crescimento dos negócios.
As grandes empresas do mercado já se preparam hoje para essa realidade tão próxima. Empregadores multinacionais costumam atuar como âncoras dos ecossistemas locais da empresa, portanto atuam como excelente benchmarking para as melhores práticas de gestão e liderança.
Profissionais passam a ter que lidar com novas tecnologias e metodologias ágeis que irão facilitar e acelerar a produtividade, contribuindo significativamente para o crescimento dos negócios. Para isso serão obrigados a desenvolver a plasticidade para o lifelong learning.
O termo quer trazer a importância de conseguir rapidamente largar conceitos antigos e não mais válidos para adotar novos métodos e ferramentas de trabalho que gerem mais resultados.
Skill gaps, as lacunas de competências, podem ser um obstáculo à adoção de tecnologias e impedir o crescimento e a competitividade dos negócios.
Por outro lado, a quarentena forçada está a fazer com que todos os que estão a trabalhar em regime de home office se comuniquem e falem sobre as iniciativas das suas empresas para que a produtividade e o sentimento de pertença se mantenham fortes.
Os melhores talentos, aqueles profissionais que podem escolher onde trabalhar, afeiçoam-se a essa modalidade de trabalho. Já no LinkedIn é comum ver as pesquisas sobre a adaptação ao teletrabalho e muitos disseram que estão a produzir bem e que gostariam de poder trabalhar remotamente a maior parte da semana. Muitos comentam sobre o nível de apoio dado pela liderança, além do suporte técnico e agilidade na adoção de novas tecnologias.
A maioria dos profissionais comenta também que sentem que a produtividade aumentou e que até estão a trabalhar mais horas por dia, por não perderem tanto tempo na deslocação, pelas reuniões virtuais tenderem a ser mais objetivas e focadas. Mas é comum ouvir queixas a respeito da liderança e problemas de comunicação não só derivados de tecnologia, mas da inabilidade de se comunicar à distância, do isolamento.
Para sobreviver ao Futuro do Trabalho, manter seus melhores talentos e ainda aumentar a produtividade é preciso que a própria empresa se capacite para ser mais adaptável, mais digital, mais ágil. Mantendo uma Cultura de lifelong learning e ajustando suas práticas à medida que novas tecnologias e métodos vão sendo adotadas pelo mercado.
Toda a crise traz também uma oportunidade. Muitas empresas já viram essa emergência como um teste para o trabalho remoto. Inclusive a Revista Time já está a chamar este período do Maior Experimento de Home Office do Mundo.
Uma forma de obter a tolerância ao erro e aos testes, o ambiente de colaboração e compreensão perfeito para implementar práticas modernas e ágeis de gestão de pessoas e obtenção de maior produtividade.
Então, como aproveitar este momento de crise da Covid-19 para reimaginar sua empresa?
Seguir as melhores práticas de preparação para a Quarta Revolução Industrial agora mesmo. Aproveitar este momento para testar o que pode ser o melhor para o crescimento e sustentabilidade do seu negócio não só às crises, mas para navegar o Mundo VUCA e integrar a Revolução Industrial 4.0.
- Identificar as novas modalidades de negócio digital que podem ser adotadas de forma permanente ou complementar ao que hoje já existe.
- Diagnosticar a prontidão da empresa para rapidamente responder às crises e para se manter em trabalho remoto quando necessário.
- Avaliar a necessidade de capacitação das lideranças e talentos para lidar com incertezas, com a adoção de novas tecnologias e trabalhar à distância
- Elaborar um Plano de Capacitação de Profissionais
É tempo de mudança, afinal se tudo em volta está a mudar, quem se mantém no mesmo lugar está fadado a ficar para trás.